segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A alguns quarteirões da minha casa

Tem duas semanas da mudança. E, de repente, aquelas pequenas coisas que ela dizia começaram a fazer sentido. Não tenho uma lembrança nítida de quando me dei conta da importância de uma mãe e nem do significado dela na vida de alguém. Só sei que já era filha antes mesmo de nascer, a filha que ela sonhava. Uma gravidez complicada, um parto de risco e mesmo sem me dar conta nasci cercada de todo o amor, o amor da minha mãe. Sem querer menosprezar o sentimento de ninguém, mas se existisse só uma pessoa no mundo capaz de me amar e essa pessoa fosse ela, ainda assim, eu seria uma pessoa extremamente amada. Parece simples de resolver, mas morar a vida toda com uma pessoa - a mais importante - e ter que se separar não é facil. Meu espelho não está mais lá. Ela conseguia/consegue enxergar tão fundo em mim que causa espanto. A perna balançando nos momentos de ansiedade, o olhar triste quando alguma coisa não vai bem, a vontade de ficar só quando o dia foi ruim. Chegar em casa a noite e não vê - la me esperando dá uma vontade de voltar... E aquelas palavras ditas num momento ou outro de discussão começam a ecoar pelo cantos da casa: você vai sentir falta até mesmo das brigas, quando eu não estiver mais aqui. E eu sinto. Sinto falta e sinto uma felicidade imensa em saber que a alguns quarteirões da minha casa ela está feliz. Morar junto ou não, não vai mudar nosso elo e nem a minha idéia de que a representação mais próxima do amor de Deus na Terra já nasceu com nome e sobrenome: a minha mãe, a sua mãe, as nossas mães. Valorizem esse amor!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011


Ele anda cansado das baladas e dos casos furtivos sem sentimentos. Aprendeu a gostar da própria companhia, sem precisar estar em uma turma de amigos todos os sábados. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que traga um sabor doce às suas manhãs, que seja a melhor companhia para olhar a lua. Que ele possa exibir os seus dons na cozinha e o seu conhecimento em vinhos, só para ela.
Quer uma mulher que ele reconheça pelo cheiro dos cabelos, pelo toque dos dedos, pela gargalhada que vai ecoar pela casa transformando um domingo sem graça, no melhor dia da semana. Quer viver uma paixão tranqüila e turbulenta de desejos… quer ter para quem voltar depois de estar com os amigos, sem precisar ficar “caçando” companhias vazias e encontros efêmeros. Quer deitar no tapete da sala e ficar observando enquanto ela, de short jeans, camiseta e um rabo de cavalo, lê um livro no sofá, quer deitar na cama desejando que ela saia do banho com uma lingerie de tirar o fôlego.
Quer brincar de guerra de travesseiros, até que o perdedor vá até a cozinha pegar água. Quer o poder que nenhum dos seus super heróis da infância tiveram… o poder de amar sem medo, sem perigo e sem ir embora no dia seguinte.
Quer provar que pode fazer essa mulher feliz!
Ela quase deixou de acreditar que seria possível ter vontade de se envolver novamente. Foram tantas dores, finais, recomeços e frustrações que pensou em seguir sozinha para não mais se machucar. Então percebeu que a vida de solteira já não está fazendo tanto sentido. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que possa acordá-la com um abraço que fará o seu dia feliz, quer um homem que ela possa cuidar e amar sem receios de que está sendo enganada. Quer a alegria dos finais de semana juntinhos, as expectativas dos planos construídos, o grito de “gol” estremecendo a casa quando o time dele estiver ganhando… a cumplicidade em dividir os segredos.
Quer observá-lo sem camisa, lendo o jornal na varanda… quer reclamar da bagunça no banheiro, rindo e gritando quando ele revidar puxando-a para o chuveiro, completamente vestida.
Quer a certeza de abrir a porta de casa e saber que mesmo ele não estando, chegará a qualquer momento trazendo o brigadeiro da doceria que ela gosta tanto. Quer beijar, cheirar, morder, beliscar e apertar para ter certeza que a felicidade está ali mesmo… materializada nele.
Quer provar que pode fazer esse homem feliz!
Eles estão por aí… sonhando um com o outro. Talvez ainda nem se conheçam, mas é só uma questão de tempo até o destino unir essas vidas que se complementam e estão ávidas para amar e fazer o outro feliz.
Ou alguém duvida que o universo traz aquilo que desejamos?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011