quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Cantiga para não morrer

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve. 

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração. 

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.



(Ferreira Gullar)

domingo, 15 de setembro de 2013

O finalzinho de agosto e o início de setembro foram bem tortuosos por essas bandas. A saudade se instalou, as lembranças entraram em conflito com aqueles velhos questionamentos e, os sonhos que antes eram só a noite, passaram a ter uma pitada de delírios a qualquer hora do dia, bastava fechar os olhos. Fechar os olhos só era possível se ao menos uma lágrima escorresse. Quem nunca chorou aquele choro sofrido que nos leva a dormir depois de tanto chorar, não sabe o que é alívio. A mente tem um poder muito forte sobre nós, a cada dia tenho mais certeza. É ela que nos faz encarar os dias mais obscuros e é ela que nos devolve os dias de sol e as noites bem dormidas. Um dia de cada vez, sempre dou esse conselho aos meus amigos e a mim também. Por mais que a tristeza e os sentimentos ruins tentem me invadir, aqui eles não fazem morada. Meu santo é forte e o meu mundo não é daqui, é sempre bom lembrar disso. Por mais que a mente me faça por vezes "pirar", por trás dessa carcaça toda tem uma espiritualidade mais forte que qualquer parte do meu corpo: tenho fé. E assim eu sigo vivendo um dia de cada vez... Continuo contando os dias desde aquele vinte e três de março, não vou negar, mas não deixo de esperar por uma nova data no calendário em que tudo volte a fazer sentido.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

In My Dreams...



Well, I don't know where and I don't know when
But I know I'll see your face again
In my dreams

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sentir esse vazio aqui no peito não me entristece mais. Viver é um eterno ato de doação. Estou constantemente me doando as atividades que pratico, aos sonhos que pretendo realizar, as pessoas que me apego... Ao me doar a alguém, por exemplo, por mais que essa pessoa se vá, sei que ela irá preenchida do melhor que existe em mim. Hoje eu estou sentindo o meu coração desabitado, mas eu prefiro acreditar que isso é um sinal de que logo ele será preenchido novamente. Para mim, a vida funciona lindamente assim.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sobre Amigos e o Tempo

Amigos são partes nossas espalhadas pelo mundo. É assim que eu me sinto quando estou com os meus amigos, como se eles fossem parte de mim e eu parte deles. Tenho amigos inacreditáveis... não tem palavra melhor para descrevê-los, me emociono e sorrio só de lembrar de cada um deles e de suas características únicas. Diversas situações me fizeram repensar sobre o real significado desses laços que construí ao longo da vida. Alguns continuam firmes até hoje, outros se desfizeram com o tempo, como um laço de fita. Meus amigos estão entre aqueles que eu julgava antipáticos à primeira vista, estão entre os mais novos que eu considerava imaturos demais para serem meus amigos, estão entre os mais velhos e suas histórias de quando eram jovens. Estão ainda entre os aparentemente tímidos mas que no fundo são bastante comunicativos (com os tímidos tenho uma identificação imediata), estão entre os extremamente espontâneos, que chegam a beirar a indiscrição. Estão também entre os que passeiam por todos os estilos musicais, estão entre os roqueiros e sua intolerância a qualquer outro estilo musical. Meus amigos estão em casa e estão por aí... espalhados pelo mundo. Eles não falam várias línguas, mas falam a linguagem dos olhos. Olhar para um amigo seu e conversar com ele através do olhar é algo sem igual. Quantas pessoas no mundo sabem o que você está pensando só de olhar? Poucas, eu garanto! E a maioria delas você chama carinhosamente de AMIGO. Hoje eu entendo que para uma boa amizade existir, é necessário primeiramente disposição das partes que se encontram em tornar esse laço resistente, sem isso, meu amigo, não há amizade que dure. É fundamental também ter leveza na hora de cobrar a ausência - e que ela não se torne fator preponderante - muita conversa, partilha dos momentos de alegria, gargalhadas nos momentos de tristeza porque rir sempre é o melhor remédio e uma boa dose de tequila independente do momento. De fato, tem que existir o sinal verde para a amizade, caso contrário, vem o sinal amarelo e por fim o sinal vermelho. As pessoas precisam estar mais abertas umas as outras para que não passem a vida construindo laços passageiros, como um sinal de três tempos. Agradeço a Deus por todos os amigos que Ele me deu, e também por aqueles que Ele me retirou. Amigo de verdade fica, para esse o tempo não passa, você encontra e sente que apesar dos anos decorridos nada mudou entre vocês. Amigo de verdade não se esconde atrás de traumas passados, busca supera-los junto com você. Amigo de verdade não permite que a distância provocada pelo mundo moderno os afaste, até porque hoje ela pode ser reduzida por uma simples rede social que este mesmo mundo moderno nos oferece. Tenho um lema de vida: nunca passe pela vida de alguém para diminuir, busque sempre acrescentar. E é dessa forma que eu me relaciono com os meus amigos, buscando acrescentar a cada um deles, nunca diminui-los, já somos tão reduzidos por nossas próprias limitações que permitir que uma segunda pessoa venha a fazer isso é até injusto. Que os sinais verdes estejam abertos pelo mundo e que deixemos de olhar somente na direção que nos é favorável. Tem sempre uma parte esperando para se juntar a nossa. 

terça-feira, 28 de maio de 2013

Battle


Colbie Caillat é atemporal!
Esteve e está nas melhores trilhas sonoras de novela e nos melhores momentos da minha vida também.
Recentemente ouvi essa música no carro e me deu saudade.
Presença garantida na minha playlist...
LINDA  

quinta-feira, 18 de abril de 2013


No mais recente livro de Carlos Moraes, o ótimo 'Agora Deus vai te pegar lá fora', há um trecho em que uma mulher ouve a seguinte pergunta de um major: "Por que você não é feliz como todo mundo?". A que ela responde mais ou menos assim: "Como o senhor ousa dizer que não sou feliz? O que o senhor sabe do que eu digo para o meu marido depois do amor? E do que eu sinto quando ouço Vivaldi? E do que eu rio com meu filho? E por que mundos viajo quando leio Murilo Mendes? A sua felicidade, que eu respeito, não é minha, major". E assim é. Temos a pretensão de decretar quem é feliz ou infeliz de acordo com nossa ótica particular, como se felicidade fosse algo que pudesse ser visualizado. Somos apresentados a alguém com olheiras profundas e imediatamente passamos a lamentar suas prováveis noites insones causadas por problemas tortuosos. Ou alguém faz uma queixa infantil da esposa e rapidamente decretamos que é um fracassado no amor, que seu casamento deve ser um inferno, pobre sujeito. É nessas horas que junto as pontas dos cinco dedos da mão e sacudo-a no ar, feito uma italiana indignada: mas que sabemos nós da vida dos outros, catzo? Nossos momentos felizes se dão, quase todos, na intimidade, quando ninguém está nos vendo. O barulho da chave da porta, de madrugada, trazendo um adolescente de volta pra casa. O cálice de vinho oferecido por uma amiga com quem acabamos de fazer as pazes. Sentar no cinema, sozinha, para assistir o filme tão esperado. Depois de anos com o coração em marcha lenta, rever um ex-amor e descobrir que ainda é capaz de sentir palpitações. Os acordos secretos que temos com filhos, netos, amigos. A emoção provocada por uma frase de um livro. A felicidade de uma cura. E a infelicidade aceita como parte do jogo - ninguém é tão feliz quanto aquele que lida bem com suas precariedades. O que sei eu sobre aquele que parece radiante e aquela outra que parece à beira do suicídio? Eles podem parecer o que for e eu seguirei sem saber de nada, sem saber de onde eles extraem prazer e dor, como administram seus azedumes e seus êxtases, e muito menos por quanto anda a cotação de felicidade em suas vidas. Costumamos julgar roupas, comportamento, caráter - juízes indefectíveis que somos da vida alheia -, mas é um atrevimento nos outorgarmos o direito de reconhecer, apenas pelas aparências, quem sofre e quem está em paz. A sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém. Não se sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e no que ela é capaz de desfazer para manter-se sã. Toda felicidade é construída por emoções secretas. Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só se permitirmos.

(Martha Medeiros)

domingo, 14 de abril de 2013

A saudade nos devolve ao remetente...



Já dizia Fabrício Carpinejar! Que saudade do meu blog, do meu cantinho. Escrever sempre foi meu passatempo preferido (já devo ter dito isso em outras postagens) e eu realmente fico triste quando vejo os dias e meses se passando sem que meus pensamentos também tenham sido passados para algum lugar, seja para um amigo, para o papel ou modernamente falando, para o computador. Essa atividade funciona como uma "terapia as avessas" pra mim, onde eu sou a psicóloga e a paciente ao mesmo tempo. Escrever denota muito mais sobre nós do que podemos imaginar. Recebi alguns comentários de pessoas dizendo que conheciam um pouco mais de mim através dos meus textos e pensamentos soltos pelas redes sociais. Devo admitir, duas ferramentas me afastaram um pouco daqui: o facebook e o twitter. Uso o facebook com frequência para escrever sobre diversas coisas, o twitter eu já uso de uma forma mais criativa, procurando sempre brincar com as palavras e mostrar o lado cômico de algumas situações.
Escrever é tão mágico, que vicia! E vicia positivamente. Você passa a não se contentar com o que sabe, com o que lê. Busca sempre aprender palavras novas e reforçar o significado daquelas que você já conhece, busca engrandecer o seu acervo de pessoas que te inspiram, dentre outras coisas. Eu particularmente gosto de escritores ousados e que me deixam encantada (amo essa palavra!), o Carpinejar é um deles.
Se formos parar para pensar, não tem um dia que a escrita não esteja presente na nossa vida. Para escrever, você já não precisa ter necessariamente lápis e papel a mão, basta um teclado de computador ou uma tela sensível ao toque. Só não podemos acreditar em tudo o que a internet nos ensina, nem nos teclados inteligentes - nem tão inteligentes assim - que nos sugerem palavras mirabolantes. O melhor livro de cabeceira continua sendo o dicionário, não podemos esquecer dele.
Saciada a saudade, espero voltar para o meu cantinho em breve. Aqui onde a palavra limite não tem definição e onde as pontinhas dos meus dedos traduzem o que há de melhor em mim.
Nesse fim de tarde de chuva com sol em Belém do Pará, deixem o sol entrar! Muitos raios de sol para todos vocês.

Beijos